O IX Congresso brasileiro de alzheimer e VII Congresso brasileiro de neuropsiquiatria geriátrica, que ocorreu de 16 a 19/out em SP, no Frei Caneca, contou com o depoimento muito emocionante de um morador mais que especial do Lar dos Idosos Recanto do Tarumã, mantido pela instituição Socorro aos Necessitados.
O Sr. Jurandyr Mendes Monçores, que reside há 11 anos no Recanto, foi convidado a dar seu depoimento sobre a IPLI (Instituição de longa permanência para idosos).
Confirar a seguir, o texto de seu depoimento:
Em julho (há 3 meses) tomei conhecimento do convite para fazer
uma breve palestra, neste congresso importante, bem no espaço
que se refere especificamente às ILPI.
“Um analista de Sistemas aposentado após 40 anos de atividade e
morador de uma ILPI há onze anos.”
O Supervisor técnico da instituição, autor da minha indicação me
solicitou respostas a quatro questões básicas:
1) O que fez o senhor optar por residir na ILPI?
2) O que coincide ou não coincide com o que o senhor
imaginava como seria estar numa ILPI?
3) Como é residir numa ILPI?
4) Como tem sido sua experiência?
5) Quais seriam, na sua opinião, os pontos positivos e
negativos da ILPI?
Vamos por partes, como diria Jack o Estripador:
Com relação a primeira questão:
Em 2008, já idoso aos 71 anos de idade, sentia necessidade de saber
como outros idosos conduziam suas vidas ou se deixavam conduzir,
enquanto - eu mesmo - monitorava à distância – via Internet – um
sistema informatizado de contabilidade administrativa, que eu
mesmo havia implantado em duas empresas comerciais e, ainda
encontrava espaço em uma vez por semana e durante quatro
horas, no CVV, atendia telefonemas de pessoas angustiadas.
Alguém, naturalmente guiado pela providência divina, me indicou
a existência desta ILPI onde moro.
Então, na companhia do meu filho e “consultor”, decidimos fazer
uma apuração na Internet:
RDC 283/2005 DA ANVISA
Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é
oferecida para pessoas com 60 anos ou mais, de ambos os
sexos, com diferentes necessidades e graus de dependência, que
não dispõem de condições para permanecer na família. O
acesso ao serviço também é garantido para idosos que se
encontram com vínculos familiares fragilizados ou
rompidos, em situações de negligência familiar ou
institucional, sofrendo abusos, maus tratos e outras
formas de violência, ou com a perda da capacidade de
autocuidado.
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Gelamos, mas...
Mesmo assim, aproveitei um bom momento que a mesma
providência me concedeu e após uma proveitosa entrevista com a
Assistente Social e logo após outra com o supervisor técnico, um
Gerontólogo, nós três combinamos que eu poderia estar ficando na
instituição, em caráter experimental.
A segunda questão é de simples resposta:
A mídia e a própria opinião popular fazem-nos crer que, Asilo é
tão somente depósito de velhos, uma espécie de tapete, para onde
são varridos os vulneráveis sociais. Hoje tenho plena certeza da
inverdade disso.
À terceira questão...
Algo indescritível para quem vive mundanamente, o que era meu
caso na ocasião.
Para as duas questões finais:
Tenho a declarar que no decorrer de minha experiência, pude me
dar ao luxo de manter um “blog” de crônicas em torno de mim e do
lugar e -- em uma dessas crônicas, publicada recentemente --
conclui sucintamente o que seria meu atendimento às questões
formuladas.
Gostaria de junto a vocês apreciá-la sob comentários.
Link do post do blog em questão https://seujuradorecanto.org/2019/09/07/dependencia-e-vida/